Os meios em nossas vidas
Continuando sobre o tema comunicação abordado na última postagem, coloco mais um trecho do texto de Juan E. Diáz Bordenave – “0 que é Comunicação”.
Estudos feitos durante greves de jornais demonstraram a intensidade dos sentimentos de privação e frustração que se desenvolvem quando a leitores habituados lhes falta a leitura diária. Pesquisas junto a telespectadores indicaram que a televisão em geral, e as telenovelas em particular, exercem uma série de influências sobre eles, algumas “positivas” e outras “negativas”.
Destas investigações, bem como da experiência de qualquer um de nós, depreende-se a idéia de que os meios desempenham certas funções importantes na vida das pessoas.
No caso do jornal, além das funções de tipo “racional”, como a provisão de informação (notí¬cias, anúncios etc.), o jornal satisfaz necessidades “não racionais”, como o fornecimento de contatos sociais e, indiretamente, de prestígio social. A estas funções agrega-se uma de proporcionar “segurança” aos leitores num mundo sempre perturbado, e uma função “ritualista” ou quase compulsiva para as pessoas que leem o jornal sempre na mesma hora, no mesmo lugar e na mesma seqüência.
Outros meios, como o rádio, mostraram desempenhar ainda o papel de “companhia”, particular¬mente para pessoas solitárias.
0 rádio e a TV, além de difundirem notícias, diversão e publicidade, cumprem uma função social de “escape”, oferecendo uma compensação relaxante para o crescente “stress” da vida moderna. As revistas populares cumprem mais ou menos a mesma função, especialmente as que contêm romances e fotonovelas.
Para muitos leitores e telespectadores, os meios respondem também a suas aspirações de mobilidade social. Talvez por esta razão, os recortes de revistas que cobrem as paredes dos favelados raramente contêm cenas de pobreza e opressão e sim de mansões de luxo, pessoas bem vestidas, personagens aparentemente bem-sucedidos, como astros de cinema, cantores e estrelas de futebol. Os criadores de telenovelas parecem ter chegado a conclusão semelhante, daí por que os ambientes em que ocorrem seus melodramas refletem gostos de classe média para cima.
As telenovelas, aliás, são formas de comunicação com um complexo papel social. Para alguns, elas constituem oportunidades de catarse emocional, isto é, uma ocasião para experimentar surpresas, alegrias, sofrimentos e até para dar vazão a senti¬mentos agressivos. A identificação do ouvinte com os personagens e suas alegrias e sofrimentos parece produzir uma sensação positiva, já que significa compartilhar os próprios problemas com alguém mais importante. 0 sucesso obtido pelos personagens parece cumprir a função de compensar e aliviar carências e fracassos dos ouvintes. Assim, uma mulher cuja filha abandonou o lar para casar-se com um homem que está ausente todas as noites, assiste a novelas que pintam uma vida familiar feliz e uma esposa bem-sucedida.
As telenovelas são também escutadas como fonte de orientação e conselho: “Se você assiste a novelas e algo acontece em sua própria vida – afirmam alguns telespectadores – você sabe o que fazer porque já viu algo semelhante na novela.” Há pessoas que resolvem fazer regime porque viram um personagem de novela fazendo regime. Outras aceitam a situação em que se encontram lembrando que, numa certa novela, o personagem fez isto mesmo e se deu bem.
Importantes como eles são, é um erro, porém, considerar os meios de comunicação social como representando o maior vulto na comunicação global da sociedade. Uma maior proporção desta acontece na vida familiar e de relação diária entre as pessoas, no trabalho, na recreação, no comércio e no esporte.
A comunicação interpessoal, característica da sociedade tradicional, que muitos pensavam que seria suplantada pela comunicação impessoal dos meios eletrônicos, hoje está de movo em ascenso, talvez como uma reação contra a massificação e o comercialismo dos meios de massa. Mas a razão mais provável da revalorização do colóquio, do encontro, do bate-papo, talvez seja porque o homem-indivíduo está encontrando sua identidade verdadeira de homem-social. No seio do associativismo em ascensão e da luta pelo fortalecimento da “sociedade civil”, o homem está reaprendendo a comunicação pessoa a pessoa.
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