Administração

Empreendedorismo Familiar

A RELAÇÃO TEMPO E FAMÍLIA

Nossos pais iniciam os negócios quando ainda somos pequenos, não os entendemos, mas sabemos que aquele serviço prestado por eles é que dá sustento a família. São, ao ver dos filhos, uma grande benção e também um grande fardo. Elas absorvem o tempo precioso de convívio familiar em prol do sustento da casa e das responsabilidades com nossa educação saúde e lazer. Isto implica em longas e intermináveis horas extras de trabalho, não existindo horário para encerramento de expediente, sendo que muitas vezes a sobrecarga de trabalho é levada aos lares impedindo e atrapalhando o bem estar familiar. Se tratando de uma empresa lucrativa, a família é tolerante com o pai, a mãe ou quem estiver à frente do empreendimento, porém quando atravessa dificuldades geradas por seu desempenho ou fatores externos, a tolerância é minimizada e as cobranças passam a serem maiores, muitas vezes seus gestores passam a agir com emoção em vez da razão.

TIPO DE GESTÃO

As gerências das pequenas empresas sobrevivem do empenho dos seus futuros herdeiros, assumindo cargos estratégicos distribuídos conforme a aptidão de cada indivíduo, assim quase extinguindo custos trabalhistas que abocanham grande parte do lucro obtido. A gerência da empresa familiar demanda busca de conhecimentos administrativos e contábeis, desempenho de mercado, conhecimento dos objetivos e aspirações dos fornecedores e clientes, funcionários motivados e leais, manutenção das instalações, conhecimento da legislação vigente, pagamento dos compromissos financeiros, manutenção da reputação e credibilidade. De acordo com Peter Drucker A empresa e a família só sobreviverão e obterão êxito, se a família servir a empresa. Nenhuma das duas conseguirá êxito, se a empresa for dirigida em prol da família.

A DIVISÃO DOS LUCROS

Deve ser lembrado ainda que ao gerenciar um negócio, a renda não deve ser somente de quem a está frente, deve ser dada em parte aos pais por deterem a propriedade se esse for o caso, e que os lucros devem ser divididos com os demais herdeiros, entretanto, imaginem o sacrifício daquele que fica a frente do negócio e tem que dividi-lo com outros que muitas vezes não cooperam em ajudar e nem mesmo incentivam para que o negócio cresça. Será que vale a pena? Qual a motivação para permanecer no negócio fazê-lo dar certo e ainda ter o altruísmo de dividir os seus lucros?

A SUCESSÃO FAMILIAR

A sucessão familiar nos negócios nem sempre dão certo e a razão talvez inicie desta forma, quantos de nós temos o desejo ou a esperança de seguir com os negócios de nossos pais e se dermos seqüência? O que fazer para que não haja interferência familiar principalmente na partição dos lucros do negócio? Pois se por algum motivo houver prejuízo ou mesmo falência, a responsabilidade caíra em quem está à frente dos negócios.

TOMADA DE DECISÃO

A característica principal da empresa familiar é sua agilidade na tomada de decisão, pois a burocracia é menor do que em grandes empresas, ganhando no fator tempo. Grandes empresas do país hoje são administradas por executivos, e os representantes das famílias herdeiras normalmente são indicadas para o conselho de administração onde podem fiscalizar, dar sugestões e participar das grandes decisões da empresa. Como exemplo, podemos citar a Lupo, especializada em fabricação de meias, possui mais de 85 anos de tradição familiar e já passou por fazes difíceis como conta o Élvio Lupo, um dos diretores da empresa: Em 1991, comecei a participar de diversas palestras e me convenci de que o caminho era a profissionalização e preguei até conseguir tirando a família da direção e a transferindo para o conselho de Administração. Só que a família não absorveu a mudança e, dois anos depois esse modelo já não valia. A Lupo quase faliu nos anos 90 quando tentou introduzir essa mudança, então a administração voltou para as mãos dos familiares e hoje conta com um conselho de sete integrantes da família mais a presidente Liliana Lupo. Outro exemplo bastante interessante é o da Hering, onde os irmãos Hermann e Bruno Hering, dois imigrantes alemães que, em 1880, ao iniciar sua pequena fábrica em Blumenau, acabaram sendo responsáveis pelo início de um dos mais importantes pólos da indústria de confecção do país. Muitas outras ainda obtiveram sucesso na gestão familiar como a Votorantim, Tilibra, Sadia, Grupo Gerdau, Lacta, entre outras.

CUSTO OPERACIONAL

Na administração familiar, o custo operacional é inferior ao das grandes empresas, pois na maioria das vezes a própria empresa utiliza e controla sua matéria prima ou mercadoria, reduzindo os desperdícios e os custos e privilegiando lucros. Um trabalho da autoria de Raphael (Raffi) Amit, professor da Wharton, e Belen Villalonga, professor da Harvard Business School, intitulado De que modo o controle, a propriedade e a gestão familiar afetam o valor da empresa? Revela que as corporações familiares têm desempenho superior ao de organizações não familiares. Devido a isso, cabe ao empresário familiar buscar recursos financeiros e alta profissionalização de seus sucessores com formação universitária, domínio de línguas, experiências extra empresa e alto conhecimento em negócios  para que a empresa, quando da transição de seus sucessores não entre em colapso, pois esta é a fase de maior dificuldade dentro de uma organização familiar.

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