Transtornos psicológicos nas organizações
JCP tinha 42 anos e trabalhava no sexto andar de um prédio em Goiânia, um dia comum de trabalho ficou preso no elevador por alguns minutos. Neste momento JCP ficou muito nervoso, ansioso, relatou ter tido sudorese e taquicardia. Assim todos os dias em que JCP ia trabalhar ele ficava nervoso, irritado e quando se lembrava do evento começava a gritar e dizia que não iria trabalhar. Feito diagnóstico constatou-se que JCP desenvolveu uma Fobia (medo irracional e duradouro). A partir daquele dia JCP não subia mais de elevador, preferia subir todos os degraus da escada a ter que enfrentar o elevador (comportamento de fuga – foge do evento aversivo – elevador).
Em um outro momento JCP foi informado pela empresa de que estaria havendo uma reforma nas escadas do prédio (pintura) e que o único meio de chegar a sua sala seria através do elevador. Alguns minutos depois JCP ligou para seu supervisor informando que estava com dor de cabeça e vomitando e por isso não poderia ir trabalhar (Comportamento de esquiva – evita o contato com o elevador).
O que JCP fazia o tempo todo antes do tratamento era apresentar comportamentos de fuga e esquiva e era continuamente reforçado a apresentar estes comportamentos para não ter contato com o estímulo aversivo (elevador). O tratamento consisti em uma técnica chamada de dessensibilização sistemática que envolve também o uso de reforço positivo. Em alguns poucos meses JCP já estava andando de elevador sem apresentar comportamentos de Fuga e Esquiva e sem apresentar respostas fisiológicas como: sudorese, taquicardia e outras.
É muito importante salientar que comportamentos de fuga e esquiva estão acontecendo o tempo inteiro dentro das organizações. Supervisores de área, diretores, coordenadores e colegas devem ficar atentos pois estes comportamentos além de prejudicar o funcionário demasiadamente, gera uma grande queda na produção do mesmo dentro da organização e com isto as relações interpessoais ficam abaladas e o funcionário acaba por perder o emprego ou para não perde-lo acaba por piorar sua situação aumentando seus problemas de saúde e comportamentais. Sem falar que a cultura organizacional não está preparada e não quer utilizar o reforço positivo pois ele requer dedicação por parte de quem aplica e seu retorno ocorre a longo prazo, apesar de ser quase 100% eficaz. Infelizmente o interesse das organizações hoje ainda é o de aumentar a produção e diminuir custos, mesmo que isto custe a saúde dos funcionários.
O mercado sempre está exigindo que a empresa esteja sempre inovando e obtendo uma maior produtividade e lucro cada vez mais elevado, isto é uma questão de sobrevivência e continuidade dos bens diretos ou indiretos que são oferecidos para a sociedade. A busca frequente da “alta performance” compromete o fator tempo do empresário e devido à necessidade as medidas de curto prazo são as mais aceitas no meio empresarial. O descaso com a saúde do empregado tanto física quanto psicológica é uma criação do próprio sistema capitalista selvagem e da atual tendência consumista do século XX e XXI. Ações preventivas e uma forte cultura organizacional inovadora, longe daquelas mecanicistas robóticas podem colaborar para que o grupo se torne coeso e sempre refletindo um orgulho de pertencer à organização.